Em busca de uma vida melhor, Flor foge do México e se estabelece em uma comunidade de latinos em Los Angeles, de onde nunca sai. Na verdade ela mantém suas raízes em um mundo e em um idioma que lhe são familiares, à parte da cultura americana, até que um dia é contratada como empregada dos Clasky.
John e Deborah Clasky estão passando por dificuldades no casamento. John é um pai e marido amoroso, paciente e firme, além de proprietário e chefe-de-cozinha de um restaurante muito promissor. Deborah perdeu recentemente seu emprego em uma empresa de design comercial e está passando pelas angústias de uma crise de identidade. Sua carreira lhe permitia dar um pouco de vazão ao seu nervosismo. Sem essa válvula de escape, suas inseguranças ameaçam a estabilidade da família.
Bem intencionada, mas de pavio curto e inconscientemente meio maluquinha, Deborah está sempre se esforçando para ter seu próprio valor, e vive permanentemente iludida por este desejo. Seus dois filhos, Bernice e Georgie, são vítimas da imagem idealizada que ela tem sobre como eles deveriam ser. Sua mãe, Evelyn, é dolorosamente consciente do caos interior de sua filha e das conseqüências disso – mas seus conselhos entram por um ouvido e saem pelo outro. Evelyn é uma antiga cantora de jazz que obteve algum sucesso no passado e que lida com sua atual situação, de viver na casa sob a constante desaprovação de sua filha, sendo uma bêbada gentil e devotada.
Flor acha o comportamento um tanto frenético mas bem intencionado de Deborah autoritário e estranho. Protegida por sua inabilidade para falar inglês, ela observa silenciosamente o comportamento de seus patrões de uma distância segura.
Flor mantém sua vida e sua privacidade separada dos Clasky. E nem mesmo diz a eles que tem uma filha, até que se vê forçada a revelar este fato.
Inevitavelmente, porém, Flor é arrastada para dentro da vida dos membros da família. Em um esforço nada sutil para encorajar sua filha Bernice a perder peso, Deborah compra para ela roupas de tamanho muito menor. Bernice fica arrasada. Flor abre mão de seu distanciamento para vir em socorro de Bernice. Ela modifica as roupas para que passem a servir na menina e, ao fazê-lo, perde sua última linha de defesa.
Ao mesmo tempo, um importante jornal atribui quatro estrelas ao restaurante de John, e o declara como "o melhor chefe-de-cozinha da América". Sua reação é ambivalente porque ele havia trabalhado para um restaurante em Nova York que recebeu quatro estrelas, e como ele diz, "Foi como estar a um passo de me transformar em um perfeito idiota. O jeito de falar das pessoas ficou diferente." Ele está convencido de que três estrelas e um quarto seria perfeito. "Você ganha suficiente respeito para que pessoas boas ainda trabalhem com você. Os negócios ficam bem, mas não se tornam uma loucura. Você fica bem ali no ponto onde o radar ainda não consegue detectar, e ainda consegue cuidar do próprio nariz. Isto é que é uma vida sólida."
Os Claskys alugam uma casa de praia em Malibu para passar o verão, onde não é possível chegar de ônibus. Deborah decide que Flor passará a morar com eles durante o verão. Flor recusa e, tendo que abrir mão de sua privacidade, diz à família pela primeira vez que tem uma filha. Deborah diz que ambas podem vir morar com eles. E se não se mudar, perderá o emprego. É pegar ou largar. Flor se muda.
Deborah fica imediatamente seduzida por Cristina e toma a impressionável garotinha sob suas asas.
Além disso, na medida em que o comportamento de Deborah vai se tornando cada vez mais inadequado, Flor e John vão se tornando pontos de apoio um para o outro, e aí são lançadas as sementes de uma atração mútua.
Ao mesmo tempo em que John e Flor têm problemas para se comunicar através da linguagem falada, eles demonstram uma instintiva compreensão do comportamento um do outro e uma grande empatia e compaixão pelos sentimentos um do outro.
